O que se sabe sobre assédio a adolescentes no transporte escolar de Colina, SP
Mães relatam abusos contra filhas em transporte escolar em SP Novos depoimentos e provas estão no centro das atenções da Polícia Civil em Colina (SP), que ...

Mães relatam abusos contra filhas em transporte escolar em SP Novos depoimentos e provas estão no centro das atenções da Polícia Civil em Colina (SP), que tenta concluir nas próximas semanas um inquérito sobre casos de assédio a crianças e adolescentes no transporte escolar. O suspeito, um motorista de 68 anos conhecido na cidade de 18 mil habitantes, foi preso temporariamente no dia 9 de outubro, depois que as denúncias vieram à tona de diferentes vítimas e deixaram familiares revoltados. Entre diferentes queixas levadas à polícia, inclusive algumas mencionando abusos cometidos há quase dez anos, as autoridades se empenham em confirmar não só o envolvimento do suspeito nas práticas criminosas como também a extensão de sua atuação. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Quem é o motorista investigado? O suspeito é José Antonio Mamprim, de 68 anos, conhecido na cidade pelo apelido de "Careca." De acordo com a Prefeitura e com entrevistados pela EPTV, ele atuava há cerca de 30 anos no transporte escolar, como contratado de uma empresa terceirizada, e é uma figura conhecida de pais de alunos de diferentes gerações. É, inclusive, apontado por alguns como uma pessoa que inspirava confiança no que diz respeito ao cuidado com as crianças que transportava da zona rural para a escola na cidade. Motorista do transporte escolar de Colina, SP, é suspeito de assédio contra estudantes adolescentes Divulgação Qual é o perfil das vítimas? As vítimas são crianças e adolescentes que dependem ou dependeram do transporte escolar do município porque vivem na zona rural e que, em algum momento, foram levadas pelo motorista. Os relatos que chegaram à polícia são de alunas a partir dos 12 anos de idade, entre elas uma menina que é surda. Como o caso veio à tona? As investigações começaram depois que uma das vítimas, de 12 anos, relatou em uma carta enviada à professora, na escola, os abusos que havia sofrido em 2024, quando dependia do serviço de transporte escolar. Foi a partir dessa denúncia que o Conselho Tutelar foi acionado e foi realizada uma primeira escuta especializada, ou seja, uma entrevista com suporte de um psicológico para ajudar crianças e vítimas de violência. Em seguida, o caso foi levado à Polícia Civil. Van escolar em Colina (SP), onde motorista foi preso por suspeita de abusar de adolescentes Reprodução/EPTV LEIA TAMBÉM Mães de vítimas de assédio no transporte escolar em SP tinham relação de confiança com suspeito: 'Tratava como se fosse da família' Vítimas de assédio no transporte escolar de Colina eram as últimas a serem deixadas em casa por motorista suspeito, diz delegado Motorista de transporte escolar é preso por suspeita de abusar de crianças e adolescentes em Colina Como ocorria o assédio e o que as vítimas relatam? As denúncias indicam que os abusos ocorriam geralmente com as adolescentes que eram deixadas por último no veículo e ficavam sozinhas com o motorista antes de serem deixadas em casa, na zona rural. O primeiro relato foi da adolescente de 12 anos. Ela disse que geralmente era sempre a última a embarcar e que, por isso, acabava sempre se sentando no banco dianteiro, próximo ao motorista, que atende pelo apelido de "Careca". A adolescente contou que, em diferentes ocasiões, também voltava sozinha com o condutor e que, nessas ocasiões, ele tinha um comportamento abusivo. Mãe de adolescente de 12 anos que denunciou motorista de transporte escolar por assédio em Colina, SP Reprodução/EPTV Segundo ela, o motorista chegou a acariciar as pernas dela, a elogiar o corpo dela e a iniciar conversas de cunho sexual, inclusive mencionando que tinha vontade de ter relações com a vítima e pedindo para que ela descrevesse as características de suas partes íntimas. A adolescente ainda relatou que, em uma dessas ocasiões que voltava com a van e que teve que permanecer sozinha com o suspeito, levou um beijo na boca forçado pelo motorista, depois que ele disse que a considerava uma filha e lhe pediu um beijo no rosto. Outra estudante de 14 anos também relatou ter sido acariciada nas pernas, bem como mencionou que o motorista tinha o hábito de elogiar as meninas que eram transportadas por ele. Ouvidas, as mães das duas vítimas afirmaram à polícia que as filhas tiveram mudanças de comportamento e precisaram de acompanhamento psicológico. A adolescente de 12 anos, inclusive, teve episódios de autolesão, por conta da sensação de nojo em função dos abusos sofridos, segundo os depoimentos. Motorista de transporte escolar é preso em Colina suspeito de abusar de adolescentes Quantas denúncias foram feitas? Até a última quinta-feira (16), ao menos seis denúncias, contando as das adolescentes de 12 e 14 anos, chegaram à Polícia Civil. Outras famílias procuraram a polícia para relatar episódios de abuso, inclusive pessoas que hoje são maiores de 18 anos, mas garantem terem sido vítimas quando eram levadas pelo transporte escolar. O motorista está preso? Sim. Mamprim foi preso em 9 de outubro após ser alvo de um mandado de prisão temporária de 30 dias. Ele foi preso em casa e não resistiu. Depois, foi levado para a cadeia pública de Colina. Entre as justificativas apresentadas, e aceitas pela Justiça, a Polícia Civil argumentou que, além de haver indícios de que as práticas abusivas eram reiteradas e risco de o suspeito constranger mais vítimas, existia o perigo de o suspeito comprometer as investigações se permanecesse em liberdade. O delegado Guilherme Carvalho de Oliveira, de Colina (SP) Reprodução/EPTV O que ele diz sobre as denúncias? Mamprim ainda não tinha sido interrogado oficialmente pela polícia até a quinta-feira (16). A reportagem não conseguiu falar com a defesa dele até a publicação desta notícia. O delegado Guilherme Carvalho de Oliveira disse ao g1 que soube informalmente que o suspeito constituiu um advogado, mas que ele ainda não havia comparecido à delegacia. Quais os próximos passos da investigação? Oliveira afirma que ainda espera obter novos depoimentos e provas até a conclusão do inquérito por estupro de vulnerável. O delegado avalia o indiciamento do motorista e um possível pedido de prisão preventiva do suspeito ao final das investigações. Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca Vídeos: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região